Estado insatisfatório da mente
- renatobaldissera

- 16 de set.
- 2 min de leitura
Você já sentiu aquela estranha sensação de que, mesmo depois de conquistar algo importante, a mente parece não se aquietar e satisfazer?Pode ser que você tenha contratado a pessoa ideal para sua empresa, batido todas as metas, alcançado o lucro esperado… e, ainda assim, um vazio, uma inquietação ou até mesmo uma nova preocupação surgem logo em seguida.
Essa experiência é comum — e, no budismo, recebe o nome de insatisfatoriedade da mente (ou dukkha).
O que significa “estado mental insatisfatório”?
De acordo com o budismo tibetano, a mente humana tem uma natureza impermanente e fora de controle.Nossos pensamentos surgem e desaparecem como ondas no mar, sempre influenciados por apegos, medos e ilusões sobre quem somos.
Esse estado de insatisfação nasce dos chamados “três venenos”:
Avareza (o desejo insaciável de querer sempre mais),
Ira (a reação de rejeição ao que não gostamos),
Ignorância (a dificuldade de enxergar a realidade como ela realmente é).
Enquanto estivermos presos a esses padrões, dificilmente encontraremos paz duradoura.
A insatisfação no dia a dia dos negócios
Gestores, vendedores e empreendedores sabem bem o que isso significa.O mercado muda, as finanças oscilam, relacionamentos profissionais se transformam. Tudo é passageiro.
O problema é que nossa mente tenta se apegar a uma falsa estabilidade — e isso gera medo, ansiedade, angústia e preocupação.No fundo, sofremos porque não temos controle total sobre nada: nem sobre o mercado, nem sobre os outros, nem mesmo sobre nossos próprios pensamentos.
Plantando sementes: resultados bons ou ruins?
Segundo os ensinamentos budistas, nossas ações são como sementes.Quando agimos movidos por avareza, ira ou ignorância, mesmo que o plano pareça perfeito, cedo ou tarde colheremos frutos de insatisfação. Isso acontece porque a intenção estava voltada apenas para a satisfação de um “eu” — seja uma identidade pessoal, um cargo, uma empresa — e não para o bem-estar coletivo.
Por outro lado, quando nossas escolhas são feitas com compaixão, generosidade e visão ampla, a semente é saudável. O resultado pode até demorar, mas se perpetua em um ciclo virtuoso, trazendo paz e benefícios reais para todos os envolvidos.
Um convite à reflexão
O estado mental insatisfatório não é um castigo, mas uma oportunidade de perceber como funcionamos por dentro.Ao reconhecer a impermanência da vida e cultivar ações mais compassivas, podemos transformar o ciclo de sofrimento em um caminho de crescimento.
Talvez a satisfação verdadeira não esteja em “alcançar tudo”, mas em aprender a soltar o que não podemos controlar e agir de forma mais consciente com aquilo que está em nossas mãos.
Autor: Renato BaldisseraEconomista e estudioso do comportamento humano nas relações de trabalho, gestão e vendas.Criador da Capital Interno
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