A Pressa que Adoece: Por que Corremos Tanto?
- renatobaldissera

- 28 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de ago.
“A pressa não é uma velocidade. É um estado de ausência.”— Reflexão inspirada em Eckhart Tolle
Toda semana, profissionais de diferentes áreas entram em colapso silencioso. Empresários, líderes, vendedores, autônomos — todos enfrentando uma sensação comum: a falta de tempo.
Vivemos atropelados por agendas lotadas, tarefas simultâneas, mensagens urgentes, cobranças incessantes, prazos apertados e metas sufocantes. A isso chamamos de rotina. Mas seu verdadeiro nome é outro: pressa crônica.
Este é o segundo artigo da série sobre a Gestão por Presença e Espaço, uma filosofia em construção que propõe uma nova forma de liderar: com consciência, ritmo e atenção plena. Aqui, refletimos sobre como a pressa se tornou a doença emocional da modernidade — e como o silêncio pode nos devolver a saúde.
O Mundo Grita: “Você Está Atrasado!”
O celular vibra. A equipe chama. O cliente manda um áudio. O fornecedor não responde. O boleto venceu. O concorrente já postou. A reunião começou. O algoritmo mudou. O relatório está errado. E o cansaço... não para. Essa é a nova normalidade: estamos sempre devendo algo a alguém.
Por trás dessa avalanche de estímulos, existe uma crença silenciosa, mas poderosa:
“Se eu não correr, vou perder algo. Se eu não responder agora, serei punido.”
Essa mentalidade alimenta um estado constante de tensão e urgência.Transformamos pessoas em máquinas de resolver problemas — mas esquecemos de cuidar daquele que resolve tudo: o próprio ser humano.
A Pressa Adoece o Corpo, Silencia a Alma
Quando a mente acredita que tudo é urgente, o corpo entra em modo de sobrevivência.
A respiração encurta.
O coração dispara.
O raciocínio se torna reativo.
O humor oscila.
A paciência evapora.
A criatividade desaparece.
Nas empresas, isso se traduz em:
Decisões apressadas e equivocadas
Conflitos por pequenas questões
Equipes emocionalmente esgotadas
Líderes impacientes, incoerentes e reativos
Perda de propósito e sentido no trabalho
Mais profundamente: a desconexão daquilo que importa. As pessoas já não sabem por que fazem o que fazem — apenas seguem, correndo.
A Verdadeira Causa da Pressa: Ausência de Presença
A origem da pressa não está no número de tarefas, mas na forma como nos colocamos nelas.
Duas pessoas podem ter a mesma agenda. Uma permanece em paz. A outra entra em colapso.A diferença? Presença.
Quando estamos presentes, há espaço. O tempo interno se alinha ao tempo externo. O que precisa ser feito, será feito — com atenção, no momento certo.Mas quando estamos ausentes de nós mesmos, o tempo se torna um inimigo. E o futuro, uma ameaça constante.
A mente corre porque tem medo do desconhecido. Fugimos do agora porque o ego não suporta o silêncio. Só a presença pode interromper esse barulho incessante.
Conclusão: Mudar o Ritmo é um Ato de Coragem
A pressa é um vício socialmente aceito. Mas também é uma escolha — e, portanto, pode ser transformada.
A Gestão por Presença e Espaço propõe uma liderança que traga ritmo, escuta e consciência ao ambiente. Uma liderança que valorize pausas, olhares, respiros e decisões com alma. Que reconheça o tempo como um aliado, não como um carrasco.
A verdadeira revolução nas empresas começa quando alguém ousa desacelerar. Quando alguém decide, com coragem, estar presente de verdade. Respirar, Observar, Aceitar o que não cabe no agora. E seguir com atenção plena — não para fazer mais, mas para viver melhor.
Autor: Renato Baldissera Economista e estudioso do comportamento humano nas relações de trabalho, gestão e vendas.
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