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A Armadilha de muitos Projetos: Por que Falhamos ao Ignorar os Dados?


Em nossa trajetória profissional, é comum traçarmos planos e projetos com base naquilo que já vivenciamos. Confiamos em nossa experiência, nas habilidades que desenvolvemos ao longo do tempo e na intuição que construímos. No entanto, esse caminho pode nos levar a erros estratégicos importantes — principalmente quando ignoramos dados concretos e estatísticas relevantes.

Um dos principais equívocos cometidos ao planejar novos projetos é desconsiderar o que os números do mercado, do setor ou de bases estatisticas anteriores têm a nos dizer. Muitas vezes, projetamos com base no “achismo” e nos esquecemos de consultar o que os dados indicam historicamente. É aí que entra um conceito fundamental: a linha de base.

O que é a linha de base?

A linha de base é uma referência estatística construída a partir de dados históricos confiáveis. Ela serve como ponto de partida para comparações e estimativas mais realistas. Ao projetar qualquer iniciativa — seja um negócio, uma pesquisa ou uma mudança estratégica — utilizar a linha de base ajuda a evitar previsões irreais ou otimistas demais.

O psicólogo e ganhador do Prêmio Nobel Daniel Kahneman explica esse conceito de forma bastante clara: a previsão de linha de base é aquela que fazemos sobre um caso quando tudo o que sabemos é a categoria à qual ele pertence.

Por exemplo: se alguém perguntar qual é a altura de uma mulher e a única informação disponível é que ela mora em São Paulo, a melhor estimativa seria a média de altura das mulheres da cidade. Somente depois, com dados mais específicos (como o fato de ela jogar basquete ou ser atleta), é possível ajustar essa estimativa para mais perto da realidade.

A ilusão do conhecimento individual

Kahneman também aponta um comportamento bastante comum: quando temos informações sobre um caso específico, tendemos a desprezar a média estatística da categoria. Achamos que o conhecimento do detalhe nos dá vantagem — mas, muitas vezes, ele nos afasta da realidade e nos conduz a erros de julgamento.

Esse comportamento nos leva à chamada falácia do planejamento, um fenômeno em que superestimamos nossa capacidade de prever os resultados de um projeto, ignorando os obstáculos recorrentes e os dados de empreendimentos semelhantes que falharam ou tiveram dificuldades.

A importância da visão de fora

Para evitar esse tipo de erro, é essencial adotar o que Kahneman chama de visão de fora. Em vez de olhar apenas para o projeto em si e suas particularidades, é importante analisar iniciativas semelhantes e seus desfechos. Essa abordagem traz uma perspectiva mais realista, baseada em evidências concretas — e não apenas em nossas expectativas ou esperanças.

A visão de fora funciona como um antídoto à falácia do planejamento. Ao investigar o desempenho de outros projetos parecidos com o que se deseja realizar, conseguimos ajustar nossas estimativas, prever riscos com mais clareza e, consequentemente, aumentar as chances de sucesso.

Conclusão

Projetar sem dados é como navegar sem bússola. A confiança na experiência pessoal é importante, mas não pode substituir a análise de dados estatísticos e históricos. Adotar uma visão de fora e utilizar a linha de base como referência são práticas que ajudam a tornar nossas decisões mais lúcidas, fundamentadas e eficazes.

Antes de iniciar qualquer novo projeto, pergunte-se: estou me baseando em fatos e dados históricos ou apenas em minha confiança? A resposta a essa pergunta pode ser o divisor de águas entre o sucesso e o fracasso.


Autor: Renato Baldissera Economista e estudioso do comportamento humano nas relações de trabalho, gestão e vendas. Criador da Capital Interno

Direitos Autorais:

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Você pode copiar e redistribuir este material contanto que não o altere de nenhuma forma, que o conteúdo permaneça completo e inclua esta nota de direito e o link: https://www.capitalinterno.com/

 
 
 

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